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O sol ainda ilumina o espaço onde já funcionou uma próspera fábrica de cerveja. Mas depois da crise imobiliária americana, se foram os trabalhadores, os equipamentos e ficaram as paredes. Existem vários lugares assim em Nova York. Quem teria R$ 5,5 milhões por ano para ocupar um prédio?

Na cidade onde há pouco era difícil de encontrar lugar pra abrir uma empresa, já faz tempo que não aparecem inquilinos. Em um prédio, nos últimos 30 anos, já funcionaram cinco empresas diferentes. A última foi um depósito de casacos de peles. Na porta, ainda há o nome de um funcionário: Morton Akerman era o presidente.

Com a crise, o aluguel do galpão ficou difícil. Mas isso não quer dizer que o espaço ficou parado. Enquanto a nova empresa com seu novo presidente não vem, o lugar virou uma galeria de arte.

Em vez de caixas e casacos, agora são latas de tinta e pincéis que ocupam os antigos depósitos.

“Cada espaço é de um artista, independente”, explica a brasileira Marcela Carvalho, que se beneficia de um projeto que abre os espaços fechados de Nova York para artistas que precisam deles. O quadro que ela pinta agora foi encomendado por US$ 3 mil, quase R$ 5,5 mil.

Mas é preciso lembrar: é tudo meio no improviso. Eles usam o que já existe no lugar. Em vez de um interruptor, o que acende a luz é um temporizador, que desliga de 20 em 20 minutos. Ninguém reclama.

“Se não fosse esse lugar, acho que não daria para criar tanto assim, é uma coisa muito boa que nós, artistas, temos aqui em Nova York. Pelo menos até eles alugarem e nos tirarem daqui”, aponta a artista brasileira.

Christofer Turridjo é escultor e ajuda a convencer as imobiliárias a ceder os espaços. Ele diz: “Pôr os artistas para trabalhar nos prédios vazios é bom para todo mundo. Antes de ser ocupada, a área em torno da fábrica abandonada era suja, frequentada até por traficantes de drogas. Agora, mostras como esta atraem gente interessada em arte e também empresários interessados em conhecer os prédios. A região se transforma drasticamente”.

Por causa das exposições, novas lojas abriram por perto. Mais gente circula pelas ruas. O grande prédio que até pouco tempo estava abandonado já tem gente querendo alugar mais uma vez.